Fear of the dark ' nos head phones. Impossivel coincidência maior, não é Pandora? Apesar de ter falado em música estava mesmo pensado era em filmes. Fazia muito tempo que não me dedicava à assistir algum. Culpa das malignas gincanas!
Enfim, assisti "A Árvore da Vida" ontem, já tinha
retirado umas 10 vezes na locadora e acabava sempre desistindo de olhar.
Confesso que Malick me supreeendeu. Mais de duas horas de filme, porém um prato
cheio para quem gosta de apreciar uma obra que faz pensar, que questiona e
filosofa.
O filme é de uma sensibilidade e sutileza que acaba
despertando na gente uma série de emoções. Não me considero uma pessoa
religiosa, sim de fé. Não tenho crenças associadas a nenhuma entidade, nenhuma
instituição. Por isso acho que curti tanto! Não me entendem mal. Não falo contra igreja, ou isso ou aquilo. Daqui a pouco vocês vão me entender. Prometo!
O começo confuso quase atormenta e
meio que dispersa, até porque a mente demora a se abrir para a visão exposta.
Conforme desenrola a história dá para perceber que ali existe muito mais do que
imagens bonitas e takes com paisagens e fotografia fantásticas. São tantos detalhes complexos... quem não curte psicologia, física, leis de formação da natureza e do
ser humano e a relatividade, desista! E claro, quem estiver sem paciência também.
A fusão de imagens que podemos ver em todo decorrer
do filme na verdade tem o objetivo de mostrar uma perspectiva da vida, que como
numa árvore, uma coisa deriva de outra, na existência tudo está interconectado.
Mostra também a necessidade que temos de proteção e de alguém para nos dizer
alguma coisa. Daí também, o surgimento e a necessidade das religiões para alguns.
O filme é uma viagem! Mas a 'good one'. Passa pelos mistérios da vida e
os questionamentos que todo ser humano faz, pelo menos, em algum momento de sua
existência, permeado por fragmentos de memórias e cenas do cotidiano de uma
família comum, formada por um casal que acaba por perder um de seus três
filhos.
Fica a impressão boa de que nós não somos, nós
passamos. Surgimos e nos projetamos de acordo com as leis universais de
representação de cada estrutura do universo. Nós somos fruto do contraste
divino entre a força da natureza e a vida humana, limitados por nossos
instintos, mas dotados da possibilidade da graça, da doação ao próximo, do amor
altruísta, do perdão.
Identifiquei-me muito como a narrativa que ensina a
libertar dores do passado para poder aproveitar o presente e ter esperança no
futuro. É sempre bom lembrar-se dessas
coisas, né?
E quem nunca buscou respostas sobre o divino e o
infinito, quando se deparou com algum fato que trouxesse à tona a brevidade da
vida, como a perda de alguém querido? Ou a perda de um amor, de um amigo, um irmão? A
pior dor é a da saudade e a dor do arrependimento, de talvez não ter tido tempo de
dizer o necessário, de ter feito e dito mais, ou ter feito algo diferente. A dor do tempo perdido. Algo
que só é capaz de se reerguer com amor.
No caminho da evolução e da vida, nos resta nos
aprofundarmos nesse mar de mistérios. Tarefa difícil, até porque o ser humano não
tem capacidade de assimilar a natureza como ela realmente é. Somos
limitados de sentidos. Mas filmes como
esse parecem despertar uma consciência adormecida do contato com o divino. Ele nos deixa essa dica de modo complexo e
profundo, e pensando bem, não teria como ser diferente...
"Diante do universo o que
deve para sempre restar em nós é o sentimento de magia, de mistério e o do
querer conhecer incessante".
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