segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sobre raízes




FOTO by Caco Conzen

Os dias passaram e a vida segue seu ritmo alucinante, que consome, que vicia. Os anos passaram e a poeira sobre a Caixa se acumulou.  Como podemos ser tão negligentes com nós mesmos ao ponto de deixar de lado algo que faz parte da gente com tanta força?

Procuro incessantemente no baú das memórias a localização da chave. Quero abri-la novamente. Sim, já é hora de novas linhas, novos devaneios, novas perspectivas, novas estórias. Afinal o timing é perfeito. Nunca me senti tão forte, tão realizada, tão feliz.


 Aperto o play e devagarinho o som começa a fluir...
 “I've got thick skin and an elastic heart


Quando os olhos do cordeiro encontram os do leão.

Esse é o ponto exato, que separa a morte da vida. Os olhos negros que se encontram ditam o rumo daquele sorrateiro momento.

Buuum! E como faíscas de um turbilhão de emoções o amor acontece. E te muda, e te reconstrói e te devora deliciosamente.

A gente fica tipo barata tonta, se procurando sem pensar. Em cada momento, em cada experiência. Procuramos um sentido, sem saber que ali já está escrito tudo que precisamos saber. Eu e essa minha tendência de achar o sentido... tisc tisc!

 - Abra os olhos Pandora, a resposta está aí na tua frente!

Amar é investir. É ser gamer, mesmo sem ser. É aprender sem notar. É ensinar sem querer, é crescer, mesmo esperneando feito um bebê que inicia uma nova jornada. Amar é ter milhões de incalculáveis defeitos que magicamente viram qualidades nos olhos de quem te enxerga de verdade. Amar é mudar para melhor, é afinal acreditar.

E quando a gente finalmente para de espernear e começa a ver de verdade, aí vem a paz. A paz de amar você mesmo com todas tuas conjunturas estranhas e maravilhosas. E de amar os outros com a mesma intensidade.

Metáforas a parte, amar é razão, sentido e caminho.

Felicidade é isso. Trocar amor... com amigos, com a família, por um romance, por música, por arte, por um estranho, pela natureza, pelos animais.

A música vai terminando enquanto penso sobre a prece de hoje. 

Visto o cordão com a chave da Caixa novamente. Ela se encaixa perfeitamente no meu peito.
 E com a sensação de conforto, um último verso vem à mente:


 “O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.”
(Shakespeare)

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