FOTO by Caco Conzen
Os dias
passaram e a vida segue seu ritmo alucinante, que consome, que vicia. Os anos
passaram e a poeira sobre a Caixa se acumulou. Como podemos ser tão negligentes com nós
mesmos ao ponto de deixar de lado algo que faz parte da gente com tanta força?
Procuro incessantemente
no baú das memórias a localização da chave. Quero abri-la novamente. Sim, já é
hora de novas linhas, novos devaneios, novas perspectivas, novas estórias.
Afinal o timing é perfeito. Nunca me senti tão forte, tão realizada, tão feliz.
Aperto o play
e devagarinho o som começa a fluir...
“I've got thick skin and an elastic
heart”
Quando os
olhos do cordeiro encontram os do leão.
Esse é o
ponto exato, que separa a morte da vida. Os olhos negros que se encontram ditam
o rumo daquele sorrateiro momento.
Buuum! E como
faíscas de um turbilhão de emoções o amor acontece. E te muda, e te reconstrói
e te devora deliciosamente.
A gente fica
tipo barata tonta, se procurando sem pensar. Em cada momento, em cada
experiência. Procuramos um sentido, sem saber que ali já está escrito tudo que
precisamos saber. Eu e essa minha tendência de achar o sentido... tisc tisc!
- Abra os olhos Pandora, a resposta está aí na
tua frente!
Amar é
investir. É ser gamer, mesmo sem ser. É aprender sem notar. É ensinar sem
querer, é crescer, mesmo esperneando feito um bebê que inicia uma nova jornada.
Amar é ter milhões de incalculáveis defeitos que magicamente viram qualidades
nos olhos de quem te enxerga de verdade. Amar é mudar para melhor, é afinal acreditar.
E quando a
gente finalmente para de espernear e começa a ver de verdade, aí vem a paz. A
paz de amar você mesmo com todas tuas conjunturas estranhas e maravilhosas. E de amar os outros com a mesma intensidade.
Metáforas a
parte, amar é razão, sentido e caminho.
Felicidade é
isso. Trocar amor... com amigos, com a família, por um romance, por música,
por arte, por um estranho, pela natureza, pelos animais.
A música vai
terminando enquanto penso sobre a prece de hoje.
Visto o cordão com a chave da
Caixa novamente. Ela se encaixa perfeitamente no meu peito.
E com a sensação de
conforto, um último verso vem à mente:
“O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.”
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.”
(Shakespeare)